quarta-feira, 30 de julho de 2008

Intimidade


No tempo sempre igual
Viajo a madrugada
Cavalgo as crinas da noite
Entre sombras fugidias
Desenho o horizonte

No tempo sempre igual
Eu viajo diferente
E a lua sabe porquê

terça-feira, 15 de julho de 2008

Pensamento do dia

A História do Homen
encerra-se entre duas fronteiras:
uma certeza e uma interrogação.
A Vida é o Reino da Morte.
Será a Morte o Reino da Vida?

Positiva ou negativa, a resposta é uma só:
a Fé.

domingo, 13 de julho de 2008

Flores para a Avó



Vida
Trono sem Rei
Reino sem Senhor
Senhor sem monarquia
Povo sem Senhoria

Voto sem Democracia
Punho erguido sem Liberdade

Dono sem terra
Indefinidas as fronteiras
E levantadas as guardas
Em estradas sem destino

Combate imposto sem Lei
Batalha sem vencedor
Guerra sem serventia
Soldado sem Companhia

Tempo de ninguém
Terra de ninguém
Guerra de ninguém

domingo, 6 de julho de 2008

Ad finem


Sorver como uma planta a luz do Sol
Dizer como um poeta a claridade
Sentir como uma Mãe a soledade

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Imperativo


Ainda que ninguém leia
Escreve

Deixa que a Palavra
Estilhaçada em palavras
Rasgue os teus lábios

Incendeia
A polpa dos dedos
As teclas premidas
E disfere os raios
Que te queimam a alma

Ainda que ninguém leia
Escreve

Regurgita o pão
Que os teus olhos comeram
Matarás a fome de ninguém
E ficarás saciado

Voltei



Volto como a luz ténue do luar
Vagueio em volteio preguiçoso


A noite é toda minha e posso ser
Um único suspiro silencioso
Um hálito de gelo aquecedor
Um manto derramado sobre um mar
De grávidas colinas e sobreiros

Sobre tudo depondo uma carícia
Das minhas mãos que tocam sem tocar